Ganhei Um Homem: Klaus Klump, de Gonçalo M. Tavares (Companhia das Letras, 2007, 116 p.), foi publicado em Portugal em 2003 e editado no Brasil conforme a grafia portuguesa, e não sob as regras do desacordo ortográfico.
Narra um país em guerra, sob ocupação militar, em que os sons das armas se elevam inclusive aos da língua local.
Klaus Klump é membro de uma rica família, que tem como atividade editar livros contra a política e o sistema econômico, indiferente ao regime militar, até que sua amante é violentada por soldados, o que o leva a optar pela guerrilha, sendo contudo aprisionado.
Outros personagens se acercam à narrativa, ao longo de vários anos de guerra e posteriormente de paz, e ocupam a vida de Klaus.
Após o retorno da vida civil e democrática, como membro da classe abastada, Klaus assume a direção dos negócios familiares, abrindo mão dos ideais revolucionários que havia anteriormente assumido.
Durante o período de guerra, a narrativa é repetitiva e enfatiza as máquinas. Não pude deixar de sentir uma sombra das obras do realismo fantástico, escritas pelo goiano José J. Veiga durante as décadas de 1980 e 1990.
Terminada a guerra no romance de Gonçalo Tavares, a narrativa assume outra forma, de menos efeitos e de mais linearidade.
Não deixa uma impressão além da obviedade do comportamento humano.
Terei de ler outras obras do autor português para estar capacitado a opinar sobre que tipo de emoção ele deixou (ou não) em mim. Até agora pareceu déjà vu.