A Trégua

A Trégua (tradução Joana Angélica D’Ávila Melo, Alfaguara – Objetiva, 2007, 180 p., R$ 21,00) foi escrito por Mario Benedetti em 1959 e publicado pela primeira vez em 1960.

Conta, no formato de um diário, os meses que antecedem a aposentadoria de Martín Santomé, às vésperas de completar 50 anos.
(Naqueles tempos, as pessoas se aposentavam com 50 anos e tinham a expectativa de viver mais uma dúzia de anos; não como agora, que se aposentam com 75 para depois vegetar até os 95.)

Santomé é viúvo há mais de vinte anos, tem dois filhos e uma filha, e trabalha em um escritório onde, como de hábito, ninguém sabe a razão das tarefas repetitivas.

Um dia , a jovem Laura Avellaneda vai trabalhar sob o comando de Martín, e a relação entre eles passa de simples olhares a uma de afeto e amor, pràticamente às escondidas dos colegas de trabalho e das respectivas famílias.

O texto em geral é fluido, porém alguns capítulos exageram nas descrições dos sentimentos camuflados de Santomé, com menor interesse.

Vale a pena a leitura deste livro, parte das obras da primeira metade dos variados estilos escritos por Benedetti.

Sobre os ossos dos mortos

Levei muito tempo para conseguir terminar Sobre os ossos dos mortos, livro da autora polonesa Olga Tokarczuk, que recebeu Prêmio Nobel (Editora Todavia, 2020, 256 p., R$ 31,00), tradução de Olga Baginska-Shinzato).

A linguagem é fácil e rápida, (apesar dos inevitáveis nomes próprios poloneses), e narra a uma seqûência de mortes violentas em uma vila na fronteira da Polônia com a Tchéquia. Isso não impede, porém, que por tão óbvia a caracterização da personagem principal o interesse pela leitura vai se reduzindo página a página. Suspense que não existe.

Ao final, deu a sensação de médio para ruim.

O castelo branco

Faz já alguns meses que li O Castelo Branco, obra do autor turco com Prêmio Nobel Orhan Pamuk (Editora Schwarcz, 2007, 178 p.), emprestado por um amigo.

Um astrônomo veneziano é aprisionado por turcos no século XVIII. Por seus conhecimentos, livra-se dos trabalhos forçados na esquadra, mas é vendido em uma feira de escravos, e é dado de presente a um estudioso turco. A semelhança física entre os dois homens é supreendente, e até eles se confundem. Um ensina ao outro o conhecimento que originalmente traziam de suas vidas, e a afionidade entre ambos reforça-se ao longo dos anos. A questão que não conseguem se responder é: o que faz de nós o que somos? Como se forma a identidade das pessoas?

Livro bem escrito, com conclusão cheia de sutilezas.

Leitura que valeu à pena.

a pedra da loucura

Ganhei A Pedra da Loucura, pequeno livro com dois ensaios do autor chileno Benjamín Labatut (editora Todavia, tradução de Mariana Sanchez, 2022, 72 p.).

O primeiro ensaio, A extração da pedra da loucura, fala do famoso quadro de Hyeronimus Bosch, do terror do autor Howard Lovercraft, das tendências totalitaristas que têm ganhado força em diversos países (inclusive o Brasil) e diferentes reações, como no Chile em 2021. Embora saltando de um tema a outro, o ensaio traz algumas reflexões sobre o mundo contemporâneo, que na verdade é uma repetição de dados e de fatos ao longo do tempo e em diferentes espaços. Loucura ou sua cura, a questão que se vive.

O segundo ensaio, A cura da loucura, porém, perde-se em uma mal narrada tentativa de violação de direitos autorais, com plágios e paranoias de todos os lados, sem comprovação alguma. Parece mais uma viagem ao umbigo do autor, e menos uma “cura”, como pretendido no título.

Resultado: um pequeno livro dispensável, típico dos pensadores que se creem muito mais perspicazes do que o são na realidade, em exercício exibicionista de cultura.

(um dia eu insiro a imagem da capa do livro, quando o scanner e o notebook deixarem de brigar)

A Metamorfose – mangá

A Metamorfose, de Kafka, em versão mangá (L&PM Pocket, tradução do japonês de Drik Sada, 198 p., R$ 29,90), foi minha rápida leitura durante uma viagem.

Já li a obra em português e também em alemão, quando era aluno em uma escola Goethe.

Essa versão em mangá perdeu toda a força da obra de Kafka.

Inteiramente dispensável. Ou melhor, talvez sirva para quem diz que não tem tempo para leituras, mas certamente ficará sem entender a razão de Kafka ser um autor reconhecidamente nomeado como um dos maiores do século XX, a ponto de ter sido criado o adjetivo kafkiano para descrever situações aparentemente absurdas, mas inteiramente reais.

As melhores histórias de Sherlock Holmes

As melhores histórias de Sherlock Holmes, de sir Arthur Conan Doyle (L&PM Pocket, 138 p., tradução de Luciane Aquino, Marcelo Träsel, Alessandro Zir e Jorge Ritter, R$ 24,90) foi minha leitura durante uma curta viagem de avião.

O livro contém cinco contos:

  • – A faixa malhada;
  • – Um escândalo na Boêmia;
  • – A Liga dos Cabeça-Vermelha;
  • – O problema final;
  • – A casa vazia.

Talvez não sejam exatamente as melhores histórias que Dr. Watson tenha deixado como herança ao público interessado em Sherlock, mas sem dúvida é uma boa oportunidade para um rápido mergulho nos livros que narram o famosíssimo detetive que virou sinônimo de investigação.