Paquistão

O Buda do Subúrbio

Pois decidi “reler” O Buda do Subúrbio, de Hanif Kureishi (Planeta DeAgostini, 2004, 303 p., R$ 16,90), e descobri que eu, na realidade, não tinha concluído a leitura do livro, por conta de uma viagem.

Foi uma boa e grande surpresa. O livro, escrito em 1990, é ótimo.

Todo em primeira pessoa, conta a história de Karim (ou Cream, como lhe chamam), um rapaz filho de um imigrante indiano muçulmano e de uma inglesa, que vive em um subúrbio em Kent, e que se percebe sempre como uma pessoa “extra”, no sentido de que é inglês, sente-se inglês, mas é visto como um asiático pelas pessoas em geral.

O livro narra descobertas sexuais, profissionais, emocionais, de um adolescente até o início da vida adulta, centrado na vida dos anos 1970, com suas “revoluções” sociais e estéticas, além da onda mística de new age.

O pai envolve-se com uma mulher cujo marido está internado em um hospício, e que tem um filho pouco mais velho do que Karim. Este prefere viver com o pai e a madrasta, e deixa a mãe com o filho menor, Allie. Mudanças para Londres, e depois para os Estados Unidos, e retorno a Londres.

Personagens vão e voltam ao longo do livro, cuja narrativa é muito ágil, envolvente, e cheia de surpresas. Os tios paternos, a prima e o marido vagabundo, os tios maternos, colegas de escola, namoradas, Charlie, o filho da madrasta que se torna músico, e o mundo do teatro, ao qual Karim resolve se dedicar como ator.

Quando o livro termina, e Karim e Allie comentam que já estão a caminho dos 40 anos, é como se tudo tivesse acontecido em apenas alguns meses.

A forma como foi escrito O Buda do Subúrbio, sua linguagem, sua narrativa, os fatos que descreve, tudo isso faz do livro um dos melhores que li recentemente.