Alcorão – e outras traduções

Em todo o livro Maomé, a tradução diz “Corão”, conforme o que foi utilizado no original inglês de Quran.

Parece que hoje em dia virou regra que seja a forma utilizada em livros e jornais, já que, conforme argumentam “os donos da língua”, Al é o artigo definido em árabe (e suas variáveis, conforme a consoante que segue).

Sim, e por que ainda escrevem:

Al-godão (al-kutun)

Ar-roz (ar-ruzz)

A-çúcar (as-sukkar)

Al-fândega e Ad-duana (al-fundaq e ad-diwan)

Al-môndega (al-bundqa)

Al-faiate (al-khayyat)

Al-mofada (al-mokhadda)

Al-face (al-khass)

???

Por que os “donos da moderna língua portuguesa” gostam de esquecer que Portugal e Espanha estiveram sob domínio árabe durante séculos, e incorporaram as palavras desse idioma de forma diferente dos demais países europeus?

Até 1950/1960, havia sido Alcorão, com o correspondente adjetivo “corânico”, que, tal como “cotonifício”, “cotonete”, “rizicultura”, e outros derivados, não tem o artigo definido, por não se tratar do substantivo original.

Parece, porém, que hoje em dia ninguém mais se interessa em estudar gramática histórica – muito menos os tradutores.

Se eles querem copiar o que se usa em inglês e francês, então, por favor, passem a escrever coton / godão, roz, çúcar, fândega e duana, búndiga, faiate, mofada, fass…

Ah, e só para aproveitar o gancho, aprendi com Karen Armstrong que sarraceno é uma palavra oriunda do grego “sarakenoi“, e significa os que vivem em tendas (tal como Kadafi, apesar de todo o dinheiro que tinha acumulado enquanto foi ditador).

 

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