Guia politicamente incorreto da filosofia

Em geral gosto de ler, na Folha de São Paulo, os artigos assinados por Luiz Felipe Pondé, mesmo que nem sempre concorde com o que escreve.
Por essa razão, comprei Guia Politicamente Incorreto da Filosofia – Ensaio da Ironia (Editora Leya, 230 p., 2012, R$ 39,90).

Confesso que não entendi a razão do livro.
Parece demais com algo de que não gosto: pessoas que se consideram na “obrigação” de escrever um livro para a posteridade.

Pior ainda: a editora pensou no preço, e recheou o livro de páginas com figuras e com letras invertidas, quando não com páginas pintadas de preto, para ele ficar um pouco mais consistente (no volume). No total, 100 páginas (pràticamente a metade do livro) VAZIAS, mas certamente cobradas no preço total do livro.
Com 130 páginas o livro teria um aspecto de pouco conteúdo na prateleira, e certamente o preço poderia cair para R$ 21,00.

O autor fala de assuntos que envolveriam filosofia, e filósofos. Pensadores como Rousseau, Marx, Alexis de Tocqueville, Nietzsche, porém, surgem ao lado de Nelson Rodrigues, Aldous Huxley, Barack Obama, que dão uma aparência de acessibilidade aos leitores que não estiverem habituados com expressões de filósofos.

Os primeiros capítulos parecem mais “densos”, com relação ao título de “guia da filosofia”, mas da metade em diante são apenas opiniões montadas na ojeriza cotidiana do autor. A mania de querer polêmica para manter-se em evidência.

Eu tampouco compartilho as idéias “politicamente corretas” (hipocritamente mal-resolvidas), mas acredito que para comentá-las são necessários mais do que clichês já conhecidos. Falar da “violência” de algumas religiões, e omitir a própria religião do autor, violenta na origem e nas seitas fundamentalistas que “atiram” mulheres para calçadas exclusivas e para assentos exclusivos nos ônibus de Israel, não me parece ser muito honesto.

Pondé poderia ter escrito esses capítulos apenas em uma coluna de jornal, e deixá-las para leitura do público de jornais. Querer rotular como “guia de filosofia” é brincadeira de mau gosto. Indubitàvelmente um irmão do guia sobre História do Brasil, da mesma editora.

 

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